“Tem havido poucos crimes passionais em comparação com o grande número de paixões à solta.”
Vinícius de Moraes
Os pássaros cantam e o sol arde
As crianças brincam à noite nas ruas
Dos subúrbios da cidade.
As flores não deixam de abrir
O Cristo continua Redentor
As bocas não deixam de sorrir
E ainda existe por aí o amor.
Os casais continuam apaixonados
A saudade continua a matar
E os tenores a cantar
Os teatros ainda lotados
Os insetos continuam a traçar
Seus voos errantes a caminho da morte
E os distraídos ainda tropeçam
E os jardins continuam floridos
O céu tem se dado bem com as estrelas
E as noites continuam quentes
O que se vê pela cidade é alegria
Como sempre. E tristeza, como sempre.
É o caos organizado do dia-a-dia
O que se vê. Como sempre.
Os corações continuam amando
E as mulheres seguem se apaixonando
Como sempre, a cidade está de pé cedo
Porque nunca dorme
E os lençóis nunca vazios.
Como sempre o Rio vibra
E canta, e ri, e chora, e dança.
Os papagaios continuam a currupaquear
E os peixes não sabem o que se passa
O ar da cidade continua fino
E as mulheres continuam lindas
As bocas ainda riem e beijam
E a carne ainda tremente nos diz
Que o amor não diminuiu
O Rio ainda de Janeiro continua a intuir
O que a serenidade do casal de pardais
Não me deixa mentir
Apesar das tolices,
A cidade permanece em paz.
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